Comentário de Jeferson Ticci Junior (abril/2007)

"O Lorena que está no museu da Ulbra foi de meu Pai entre 93 e 95. Achamos ele largado numa oficina na Pompéia. Estava com as lanternas traseiras de Del Rey, teto solar e faróis de Passat, além de servir de abrigo para os gatos. Levamos para a nossa oficina que ficava na Av. Corifeu e restauramos ele todo. Pedimos para a revista 4-Rodas nos mandar a revista de quando fizeram teste com ele para podermos ver os detalhes. O carro ficou impecável (sem o teto solar, é claro). Tivemos que vender o carro pois no fim da reforma, acabou a grana e o carro ficou sem os vidros das portas. Como meu pai trabalhava em Santo Amaro, virava e mexia ele chegava na nossa oficina molhado como motoqueiro (puto, por sinal), até que um dia um colecionador também de Santo Amaro viu o carro e propôs uma troca num fusquinha 67 que depois foi meu. Mantivemos contato com o novo dono por um tempo, até que ele vendeu pros Gaúchos, entretanto, tenho a honra de falar que aprendi a dirigir num Lorena. Achava que ninguém lembrava mais desses carros, que eram toscos mas lindos." (Jeferson Ticci Junior)

Comentário de Jeferson Ticci (agosto/2007)

"Temos praticamente a mesma idade e portanto vivemos as delícias dos anos 60/70. Uma delas foi quando apareceu um "carrinho" chamado Lorena. Na época eu morava com meus pais na V. Romana que é vizinha da V.Pompéia, onde moravam os Mutantes que era o "point" da juventude lá no colégio Zuleica de Barros, onde nós ficávamos na porta esperando as meninas saírem, e um belo dia eu vi a Rita Lee dentro daquele carrinho e eu tomei um susto pensando que era uma nave espacial. Meus pensamentos viajaram naquele dia e muitos anos depois eu tinha uma oficina onde curtia a paixão por automóveis e ganhava meu sustento juntamente com o trabalho na Sabesp.

Um belo dia estava folhando o jornal "Primeira Mão" e vi um anuncio + ou - assim "Vendo Lorena ano Tal para restaurar, tratar na rua Cotoxó n° tal V.Pompéia com fulano de tal. Fui lá imediatamente e ela estava jogada num canto de uma oficina, que mais parecia um desmanche do que oficina, cheia de gatos e cachorros dentro, sem vidro, sem motor, só a carcaça, mas a vontade de reviver aquela época era maior que tudo. Fechamos o preço que na época devia ser + ou - uns R$ 1.500,00. Isso foi em 1993 e arrastei ela para minha oficina. Lembro que quando estava rebocando ela, meu filho estava nela, junto com um funcionário meu, e de repente eles começam a gritar para parar, pois estava saindo barata pra todos lados. Foi muito engraçado. Paramos na casa da minha mãe, que ainda é no mesmo lugar lá na V. Romana, e jogamos uns dois Detefon para matar as baratas, e acho que morreu 1.000.000 de baratas.

Conversando com o antigo proprietário, e ele contou várias histórias da V.Pompéia, e pelo monte de cor que ela tinha, eu acho que ela era a dos Mutantes. Aí comecei a restauração, desmontei ela toda, raspei até chegar na fibra, e fui refazendo pedacinho por pedacinho. Escrevi para a Quatro Rodas para me mandarem o teste dela com às fotos para lembrar de detalhes e isso foi feito.

Lembro também que ela foi pintada com a cor da Ferrari que chamava-se "Rosso Corsa Heller". Quando ficou quase pronta, faltavam alguns detalhes e eu comecei a andar com ela, só que não tinha os vidros das portas, e quando chovia eu parecia um pato de tão molhado.

Um belo dia tava eu na Av. João Dias quando um cara com um jipe me parou, e a todo custo queria ela. Me ofereceu o jipe, mas não tinha capota e o meu problema continuaria! Me ofereceu um fusquinha 67, absolutamente novo, e tinha vidro nas portas!!!! E então eu troquei. Como na época eu tava meio duro e não tinha $ para terminar fiz a troca, mas se arrependimento matasse eu teria psicografando essa historia para vocês via algum medium. Foi um enorme prazer escrever essa história." (Jeferson Ticci)