1000 Km de Brasília - Campeonato Brasileiro

Data: 

18-19/abril/1970

Local:

Brasília / Distrito Federal

Prova:

1000 Km de Brasília - Campeonato Brasileiro

   

Automóvel:

Lorena Porsche 2000  -  N°: 20 (vermelha)

Piloto:

Sidney Cardoso e Heitor Peixoto de Castro Palhares ("Urubú")

Equipe:

Colégio Arte e Instrução

Chegada:

O resultado  final esta prova nunca foi conhecido.

Acredita-se que o Lorena tenha chegado em 4° lugar, segundo cronometragem não oficial

   

Automóvel:

Lorena GT 1600  -  N°: 24 (Goiânia)

Piloto:

Cleomar Rezende e José Marcondes Oliveira Lôbo

Chegada:

  ______
   

Automóvel:

Lorena GT 1600  -  N°: 99  (Brasília)

Piloto:

Waldir Lomazzi e Roberto Faria de Almeida

Chegada:

  ______
   

Obs:

José Roberto Nasser também iria correr com um Lorena GT (Retífica Brasília), mas teve um acidente no trânsito com seu Puma, e não pode participar da prova.


Depoimento de Sidney Cardoso

"Chovia bastante e estava com o limpador de pára-brisas ligado. Dentro da cabine do Lorena estava sentindo um cheiro forte de fio queimado, de curto. De repente, na curva da torre de televisão, soltou uma grande faísca, acompanhada de um forte barulho.

Parei o carro ali mesmo, abri a porta e pulei fora. Vieram os bombeiros com extintores e deram um jato em cima. Veio também um repórter de uma rádio que estava transmitindo a corrida. Solicitei a ele para avisar ao meu box da minha localização, solicitando mecânico. Veio o Neném, ajudante de mecânico. Estava bem cansado, pois havia chegado ali correndo. Estava muito escuro. Ele fez um pequeno gatilho para irmos para os boxes para ver melhor o que fazer. Vou contar agora, um lado pitoresco, pois já passou muito tempo, portanto, não há mais o que punir. Como ele estava muito cansado, entrou escondido no carro e foi até nosso box agachado, o que não era permitido. Chegando lá, vimos que para consertar a parte elétrica levaria muito tempo, e como estávamos sem o limpador de para-brisas, optamos então, por retirar o pára-brisas e retirar o acrílico que ficava no lugar do vidro traseiro, a fim dele não cair com a pressão e também para não oferecer resistência à passagem do ar, devido retirada do pára-brisa. Se fôssemos restaurar a fiação do limpador iríamos perder muito tempo.

O mecânico Antônio, ex-Dacon, embora já estivesse conosco, não foi a esta corrida. O carro já saiu lá de casa rateando e ele não conseguira consertá-lo. Aborreci-me com ele e resolvi ir para esta corrida sem ele, pois achamos que ele não havia matado o problema, devido sua esposa que era muito ciumenta, querer ir tambem e não concordamos, visto que só iam homens numa Kombi. Achamos que ele provocou a briga para não ir. Lá,em Brasília, procurei o Alex Dias Ribeiro que havia me convidado para quando fosse à sua cidade procurá-lo. Ele, como sempre, foi muito gentil, tentou consertar o Lorena em sua oficina, mas não conseguiu. Levou-me numa autorizada Volkswagen, mas também não acertaram. Neste momento, quando cheguei no box, já estava lá nosso eletricista, o Antônio, da Oficina do Alemão, que ficava numa rua de Quintino. Era um excelente eletricista e devido o carro estar rateando, ligamos para ele no dia da corrida, de manhã, e falamos para pegar um avião. Houve atrasos, mas nesta hora ele estava lá. Na mesma hora, ele detectou que o problema do carro ratear e não passar de giros estava na bobina. Trocou-a e o motor ficou ótimo. Quanto ao resultado da corrida, não me lembro como ficou, pois já passou muito tempo e não estávamos disputando o Campeonato Brasileiro, embora estivéssemos participando desta prova que era deste Campeonato.

Lembro-me que algumas equipes entraram com recursos. Tenho uma página inteira do jornal "O Globo" descrevendo a desorganização. Possuo também um quarto de página deste mesmo jornal, dando uma entrevista sobre a desorganização mas, sinceramente, não me lembro se o resultado foi alterado.

Quanto à posição tanto nossa cronometragem, quanto a do Greco que estava ao nosso lado assinalava esta colocação, ou seja, a quarta. Greco, inclusive, nos aconselhou a entrar com recurso. Basta refletir para ver que não há nenhuma incoerência:
- Apenas no início da corrida o motor estava rateando devido o problema da bobina, mas mesmo assim, devido a potência do motor Porsche, dava para ficar na briga com os carros intermediários;

- Após uma hora de corrida o eletricista Antonio, "Alemão", trocou a bobina e o carro voltou a seu desempenho normal, rodando redondinho até o final, e ele nessas condições nunca ficou atrás de Puma, GTA,etc. Claro que apesar de ter ultrapassado estes carros eles ainda tinham a vantagem inicial, mas jamais para o Lorena não constar da classificação;

- Assim como nos 1000 kms da Guanabara de 1969, levamos não aquele andaime enorme (no Rio estávamos com dois carros, portanto utilizando dois boxes, em Brasília só com o Lorena), mas levamos um andaime que foi montado em nosso box, debaixo da rodoviária e reabastecíamos bem mais rápido que as outras equipes;

- Esta desorganização de Brasília não é novidade, se você pesquisar verá que meu grande amigo Alex Dias Ribeiro, numa outra corrida em Brasília se não me falha a memória, justamente os 1000 Kms do ano anterior, ficou tão chateado com o resultado fajuto que, em protesto, não foi receber o prêmio pela colocação que haviam indicado pra ele, acabou sendo penalizado.

Quanto a não ter ido com o GT 40 para a prova, como anunciado, aconteceu o seguinte: levamos quatro meses para conseguir acertar o balanceamento, depois que ele quebrou nos 1000 Kms da Guanabara, em 14-12-69. Você não pode imaginar a agonia que foi, não detalharei pra não ficar extenso. O que teve de gente envolvida, inclusive as duas mais qualificadas retíficas do Rio, engenheiros mecânicos de Petrópolis,etc. A verdade é que só conseguiram acertar, ou seja, acabar com a vibração do motor em apenas 2000 giros, quando, esgotados todos recursos aqui, Scorzelli foi à Inglaterra e trouxe por escrito a fórmula como deveria ser feito."

(Sidney Cardoso)

     


Fotos: acervo Sidney Cardoso

 

       

 

Lorena Porsche treinando no Rio de Janeiro antes da prova de Brasília.
Atenção para os faróis, dois pares de faróis redondos ao invés dos retangulares.

 

Comentário de Sidney Cardoso sobre as fotos acima

"Estas fotos com dois faróis de cada lado não tenho dúvida nenhuma, me lembro perfeitamente. Nós os colocamos para correr os 1000 Kms de Brasília, visto que começaria à noite, foi portanto treinando com ele em 70. Nosso grande amigo e fotógrafo Waldir Braga "Estrela", diferente de mim, detestava entortadas, ficava P da vida com ele por não capturá-las, se você prestar atenção verá que todos filmes feitos por ele, ele ficava num ângulo em que elas não apareciam. No dia deste treino, me lembro perfeitamente que insisti muito com ele pra ficar naquele ângulo. Cara, foi uma lenha, ele detestava entortadas." (Sidney Cardoso)

               

  Lorena nos treinos, junto ao "paredão" da Rodoviária - observe que ainda sem os dois faróis auxiliares

  sobre o capo dianteiro

 

  Lorena na prova durante a noite                                                                      Lorena na prova, já sem o para-brisas

 Lorena durante a prova                                                                                      Lorena na prova, já sem o para-brisas e sem o vidro traseiro

Comentário de Sidney Cardoso sobre a foto do Lorena sem para-brisas

"Interessante, uma coisa que ninguém percebeu e não fez perguntas é sobre uma coisa que dá a impressão de um rabo que se encontra em sua traseira. Suponho que as pessoas julgaram que seria alguma peça solta do carro, que ele deveria estar se desmanchando. Nada disso, tirando a falta dos vidros o carro chegou redondinho.  Aquilo, não sei se você se lembra, era um produto  que uma firma estava lançando que dizia descarregar a eletricidade positiva causada pelo excesso de prótons que, segundo ela, ficariam acumulados pela retirada de nêutrons com o impacto do vento sobre o carro. Como eles estavam lançando este produto, nos deram dois, um para a Kombi que viajamos com a equipe, outro para o Lorena, diziam que era para  não enjoar devido este fenômeno. Nos deram como brinde a fim de fazer a divulgação.

Aqui entra nós, não sentimos diferença nenhuma, ah,ah,ah. "

 


"Correio Braziliense" - 08/Abril/1970

"Para os mil"


"Correio Braziliense" - 09/Abril/1970

"Opalas da Motorauto não correrão dia 19"


"Correio Braziliense" - 16/Abril/1970

"Volantes de Brasília superam os problemas"


Revista "Auto Esporte", No 68 - Junho/1970 - páginas 52 à 57

"1.000 Km de Brasília  A Corrida Acabou de Repente. E Os Mineiros Venceram com Méritos"

 

 

 

 


Revista "4 Rodas", No 118 - Maio/1970 - páginas 128, 129, 130, 132 e 135

"Brasilia - A vitória do Puma mineiro em mil quilômetros de confusão"

 

 

 

 


"Jornal do Brasil" - 22/Abril/1970 - Caderno de Automóveis e Turismo
"Toninho da Mata venceu em Brasília"


Jornal "O Globo" - 2/Abril/1970 - pág. 4


Jornal "O Globo" - 24/abril/1970

 

 

Depoimento de Sidney Cardoso:

"Quanto à entrevista, na hora de cabeça quente, falei aquilo, na verdade não me arrependi nada de ir. Gostei muito de Brasília, sobretudo o Por-do-Sol.

Devido ser um planalto - plano alto - você olha pra todos lados e lá está aquele imenso horizonte colorido com os raios deste astro."

 

Jornal "Folha de São Paulo" - 19/Abril/1970


Jornal "Folha de São Paulo" - 20/Abril/1970


Relação dos inscritos na prova


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